terça-feira, 7 de outubro de 2008

"Labirinto de incertezas"


Caminhando por um caminho meio tortuoso, pois Deus escreve certo em linhas tortas, e nas linhas tortas ele escreve um caminho certo, não certinho, linear, lança o humano no simbólico sem perder o rumo e nem a travessia.
Como está perdido o homem de hoje, ou como se acha (no sentido de se encontrar) o homem de hoje! A certeza disto é quando diz para si mesmo, parando no tempo pondo a mão no queixo e a fronte para cima: Não sei se é isso ou aquilo, como afirma um novo escritor em “Labirinto das incertezas...”
Desta sorte, Gaston Bachelar entra nesta perspectiva e nos ajuda a refletir melhor: deveras, pois a vida é um paradoxo: “Os dois devires estão ligados, pois parece que, para exprimir o inefável, o evasivo, o aéreo, todo escritor tem necessidade de desenvolver temas de riquezas íntimas, riquezas que têm o peso das certezas íntimas.”
O cenário dos poetas é esse grande estudo filosófico sobre a vida que paira no ar e nos sonhos, tecendo e conhecendo o homem pelo avesso do seu avesso sem perder o direito de vista.
Podendo imaginar e se ausentando, lançando-se para uma vida nova. Ser é o sentido da vida que importa, porque perder tanto tempo com fatos e fotos que não são, nem se oferecem a contemplação, não tem sentido nenhum. O que importa mesmo é sentir por dentro e por fora, o deleite de banhar-se no valor de viver e se achar dentro de si mesmo, mesmo estando fora de si.
Já falaram do devir, do prazer, do ter ou possuir algo ou alguém, da lua, do sol, das estrelas, do fantástico mundo dos deuses, dos meteoros, dos fenômenos inusitados... é preciso ainda falar de si mesmo como quem fala de uma poesia musicalizada de tudo isso, com o sentido primoroso de viver o que se exprime e nesta medida se dilatando a tal ponto de poder relatar-se e relacionar consigo e com o outro medindo o universo interior onde reside o “labirinto de incertezas”.



Salvador, 07 de outubro de 2008.

Frei Erivan Araújo de Souza, OFMCap

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